terça-feira, 30 de setembro de 2008

Intis Malbec/Merlot 2007 (Argentina)


Continuando nossa série vinhos baratos e fáceis de achar, vamos viajar para San Juan na Argentina onde podemos encontra o deus do sol, Intis. O vinho é um tributo ao deus que durante séculos foi cultuado na américa do sul, segundo a vinícola. Posso estar errado, mas acho que esse vinho é produzido pela bodega Trapiche. No rótulo não vem a informação, somente o endereço e ao "googlar", me veio o mesmo endereço dessa bodega que acabo de vos falar.

Enfim, deixemos de enrolação e vamos ao vinho.
Gratíssima surpresa, comprada na rede Hortifrutti por R$13,90. Acabo de comprar mais dois e soube que esses são os últimos exemplares da safra por lá. A procura foi muito grande e esgotou.

Esperava algo no padrão Santa Helena, no máximo um Farmus, qualificado há pouco como muito bom. Mas o Intis está pra lá disso.
Se por um lado não sou conhecedor dos melhores vinhos, por outro direi que este é sem dúvida um dos melhores que já tomei.
Coloração grená brilhante escura com lágrimas constantes e longas. Vinho pra tirar foto na taça!
No nariz mostra-se bem frutado, algumas notas adocicadas muito diferentes desse Marcus James que acabamos de postar. Nada enjoativas, pelo contrário. Em nada remetem à baunilha. Eu não sei exatamente como descrever isso, mas se eu pudesse falar em tutti-fruti falaria sem problemas. Ih, já falei. Mas não me achem louco, provem!

Na boca ele confirma os odores. A nota adocicada do Malbec logo na entrada, frutas, acidez equilibradíssima, taninos absolutamente macios. Persistência excelente.
O álcool, apesar dos 13° só se mostra presente após o primeiro sorriso empolgado, sendo assim, tá ótimo!!

Pode ser que daqui há alguns anos tomando e tentando avaliar vinhos eu o ache mediano, mas hoje ele é excelente.

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Marcus James Reserva Especial pinotage 2007 (Brasil)


A série de vinhos fáceis e baratos continua e dessa vez é um brazuca quem dá o ar da graça.

O Marcus James é uma linha da vinícola Aurora situada na Serra Gaúcha. Figurinha muito fácil em mercados de todo país, você provavelmente já se acostumou a ver aquele rótulo que é um losango. Mas há algum tempinho a linha está frequentando os supermercados com um rótulo mais bonito de designação "reserva especial". Desde que vi pela primeira vez já desconfiei ao mesmo tempo que tive curiosidade. Por quê?
Por causa das safras. Reserva especial me remete a uma guarda maior do vinho, mas os vinhos que estão aparecendo com esse título são da safra de 2007!!!
Acho que é só uma questão comercial mesmo, até porque seu preço é via de regra o mesmo da garrafa do losango.

Eu resolvi experimentar o pinotage, uva que já foi provada aqui no vinho Two Oceans sul-africano, país símbolo e originário da uva.

Esse Marcus James é na coloração um vinho nem tão brilhoso e meio violeta. Nem tanto quanto um carménère, mas diria que quase lá. Suas lágrimas são constantes e rápidas. Seu teor alcoólico é de modestos 11,5°.
Consequentemente você já deve imaginar que cheiro de álcool ele não tem. E não tem mesmo. Seus odores estão entre o defumado da uva e o tabaco. Mas nem um nem outro foram absolutamente claros para mim. Preciso treinar melhor as narinas! rsrs

Na boca sente-se logo no início o adocicado. O vinho é demi-sec como diz o rótulo e portanto, sabe-se que há alguma adição de açúcar.
Ele não confirma o defumado na boca e nem deixa a persistência que o Two Oceans deixa. Está longe deste último. Praticamente sem a presença dos taninos. É bem leve, mas me enjoou tomar mais de uma taça, talvez por causa desse "adocicado" que apresentou.
Eu não exitaria em usá-lo com uma pessoa que está saindo dos vinhos suaves para os secos. É para o dia-a-dia mesmo. Comprei minha garrafa por R$ 10,90, mas não é difícil vê-lo por R$9 ou R$8 por aí.

Para quem espera um vinho pro cotidiano, ele pode ser classificado com três taças. Mas para quem queria sentir algo de pinotage nele, leva duas taças. Esse é meu caso.

Santa Helena reservado carménère 2006 (Chile)


Continuando a série de vinhos baratos e fáceis de se encontrar em mercado pelo Brasil, resolvi postar esse carménère da conhecida vinícola Santa Helena porque ao comentar o CS/Merlot da mesma alguns comentários à favor desse vinho surgiram até me surpreendendo.

Essa safra 2006 é pior que a de 2005.
Coloração brilhante e violácia como são costume em carménères chilenos, seu cheiro é alcoólico e me incomodou. Sua graduação é de 13°. Mas reconhece-se pouca coisa quando o inalamos. O "quase-fruta" está lá. Bem fraco...

Na boca um vinho "quente" pelo álcool, sem muito gosto e que não inspira nem a terminar a garrafa.

Quero dizer que há vinhos que se sabe não serem fenômenos e que são de dia-a-dia meeeesmo, mas que não são chatos. Esse estava chatíssimo. Como sou entusiasta da uva, seu excesso de defeitos me irritou. A safra 2005 de fato era melhor, mas foi um ano em que a carménère no Chile se deu muito bem.

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Santa Carolina Cabernet Sauvignon reservado 2006 (Chile)


Continuando nossa série de vinhos baratos e que se vê em qualquer mercado, vamos hoje degustar um Santa Carolina reservado Cabernet Sauvignon 2006. Pra falar a verdade eu já estou degustando e vou colocar aqui minhas impressões.

Esse vinho só não deve ser mais fácil de achar do que Almadén e Chateau Duvalier.

No copo se mostra um vinho novo, cheio de brilho, quase violeta e tal. Lágrimas grossas e rápidas (13%) não tão constantes.

No nariz é um vinho que se mostra já fraco. Lembram do "quase-cheiro" que já falei uma vez? Pois aqui ele se aplica novamente. Quase-cheiro de frutas. Não dá nem para dizer que é um "fruit-bomb" como gostam de chamar os vinhos do novo mundo. Depois de uns 20 minutos oxigenando começará a sobressair a baunilha e esta predominará. Mas nem essa é forte.

Na boca se mostrou aguado e decepcionou. Taninos modestos, baunilha na língua por uns 30 segundos e só.

É definitivamente um vinho "quase" ou, quase um vinho! rsrsr

Mas gostaria de fazer uma ressalva. A safra 2006 está sofrível. Já tomei outras safras desse mesmo reservado do vale central e apesar de não podermos falar muito dele, estavam bem melhores que esta.

Vai levar duas taças porque tinha como ficar pior, se o álcool estivesse aparente.

sábado, 6 de setembro de 2008

Farmus Carménère 2007 (Chile)


A partir de hoje, durante algum tempo, iremos postar aqui alguns vinhos fáceis de achar e vistos em supermercados Brasil a fora. São vinhos baratos e que estão com alguma frequência no carrinho do vizinho. Muitas vezes são alvos de preconceito sem razão, outras vezes são de baixa qualidade mesmo. O fato é que basta de ir ao supermercado e não saber muita coisa sobre os vinhos que sempre estão lá dando as caras.

As razões dessa idéia são duas, a saber:

- as intermináveis discussões nas comunidades de vinho do Orkut que questionam a qualidade dos mesmos;
- a falta de grana que assola o blogueiro que vos escreve (rsrs)

Começaremos com um vinho que quem mora no Rio já está se acostumando a ver nas prateleiras do supermercado Mundial, o Farmus. Chegaram lá a linha básica que comentaremos hoje, a reserva e a gran reserva sendo esta última a mais cara pela bagatela de R$29,90. Antes de qualquer julgamento vamos ao vinho.

Eu mesmo o julguei até o momento da retirada da rolha. Achei que havia feito mal negócio e tal. A rolha, não tinha nada escrito, cortiça pura.
Mas se vou me decepcionar nessa "série" de vinhos fáceis, não começará agora.

O Farmus vem do vale central, da vinícola Urmeneta e custa aqui pra gente R$ 11,90.
No copo é um vinho com a tipicidade da casta. Tons violáceos, brilhante e escuro. Suas lágrimas são constantes (13%).

No olfato o vinho começa a se revelar. Seu cheiro é ótimo. Álcool não aparente, chocolate amargo, frutas escuras, algo lá no fundo de tostado. Fiquei bastante impressionado porque me lembrava carménères mais caros e de mais nome. Vamos combinar que achar vinho dessa uva barato e bom não é coisa fácil.

Na boca um vinho delicioso de acidez equilibrada e assim que entra na boca já ativa suas papilas centrais. Taninos equilibrados amarrando um pouquinho mas que não incomodará em nada, pelo contrário, vai dar uma ondinha. Persistência muito boa com a confirmação do olfato. Um típico carménère sem maquiagem.

Não vai levar cinco taças porque ainda tem o reserva e o gran reserva e quero acreditar que são melhores ainda. Porém não posso dar três taças como os famosos Santa Helena porque estaria sendo injusto com o Farmus. Ele dá banho no carménère da Santa Helena da mesma faixa de preço (que inclusive são mais caros).

Quatro taças com menção honrosa. Pessoal do Rio, corre pra experimentar!!!!!!
Pra quem quer saber quem está importando ele na sua cidade, ele é trazido pela Artvinho (artvinho.com.br).

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Viña Vermeta - Monastrell 2000 (Espanha)


Este vinho eu ganhei de aniversário de um amigo. Já estava há alguns meses aqui em casa guardado e resolvi abrí-lo. Já havia experimentado, mas numa "degustação" cheia de outros vinhos e que não lhe dava uma atenção completa. Ainda assim, apareceu como um dos vinhos mais fortes da noite.

A uva monastrell é a segunda tinta mais importante da Espanha, segundo a Wikipédia. Mas por aqui não nos é muito popular. A safra do vinho também chamava a atenção por já ter 8 anos. Sei lá que efeito tem um vinho de 8 anos, não sou enólogo nem sommelier, mas de uma coisa eu sabia, não seria qualquer uva que aguentaria.

Vamos aos trabalhos:

No copo um vinho que começa a mostrar sua idade pela coloração que não seria difícil perceber o tom já começando a "alaranjar". Mas brilhoso e com lágrimas abundantes (13,5%).

No nariz, bálsamo. Eu particularmente gosto deste cheiro. Encontra-se caracteristicamente o mesmo no carménère do Casillero del Diablo, mas aqui ele está mais equilibrado e dá só um toque. Diferentemente dos chilenos e novo mundo em geral, não se encontra neste vinho aquele cheiro de frutas acentuado (que particularmente até gosto). O que se encontra é madeira (na medida exata), pimenta, um pouco (lembra só) terra. É um vinho complexo com certeza e eu, de fato, sabia que não possuia experiência suficiente para descrevê-lo.

Na boca um vinho muito forte. Do gabarito de um cabernet sauvignon. Mas seu gosto é totalmente diferente deste. Seu paladar confirma o cheiro e encontra-se a pimenta, a madeira (na medida certa como já disse), a terra, alguma erva, taninos de medianos para fortes, porém aveludados e sedosos.
Tem-se uma impressão de que o vinho é ainda jovem apesar de não o ser e pensa-se que poderia ser guardado por mais algum tempo sem problema algum.
Persistência excelente fazendo-o poder ser descrito mesmo depois de algum tempo do gole.

É um vinho excepcional. Muito interessante e que deveria ser tomado com comida. Carnes, guisados, talvez até um churrasco em um dia ameno, claro.