sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Latitud 33° Malbec 2007 (Argentina)


Tive a honra de ser o convidado do mês de novembro para a escolha do vinho da Confraria Brasileira de Enoblogs. Quis escolher um vinho fácil de se ver em supermercados para continuar a minha série de vinhos facilmente encontrados em mercados ainda que o seu preço esteja um pouco acima da série que vinha postando.
Contudo, eu o consegui em uma promoção por R$ 15,90 quando seu preço de costume fica por R$ 18,90.

O vinho é produzido pela Bodega Chandon, que tem como "peça" mais identificável o espumante. Também fiquei sabendo (se não estou me confundindo) que o famoso Terrazas de los Andes é da mesma vinícola.

O Latitud 33° é um vinho interessante. Tem a coloração típica dos vinhos do novo mundo, brilhante, bordô ("abrasileirado"), bonito no copo. Bastante aromático, no início seu álcool incomoda um pouco. Mas bem pouco, com alguma decantação ele some. Desde o princípio seus aromas tomam conta dos arredores e pode-se sentir a baunilha sem enjoo (tem acento ou não agora?), algumas ervas, não identificava se era chocolate amargo ou tabaco. No fim pode ser que não seja nenhu dos dois e passou a ter mais sentido uma expressão poética como "um cheiro aconchegante".

Na boca um vinho aveludado, como leve adocicado característico do malbec, de acidez equilibrada que casou muito bem com um macarrão à bolonhesa, e de persistência interessante. Traz a baunilha que a mim não foi enjoativa ainda que eu veja que talvez seja para algumas pessoas.

Acho que é sim um vinho de produção em larga escala. O escolhi sabendo disso. Aqui se avalia vinho por ponto, ou taças, melhor dizendo. Mas acho que dessa vez fará mais sentido utilizar um vinho referência como o Santa Helena ou um reservado Concha y Toro para o avaliar. E sendo assim, posso garantir que sua qualidade é acima desses dois. Seu preço também o é.

Enfim, se você tiver dois ou três reais a mais para investir no vinho da noite, este pode ser melhor opção do que os já supra citados. Ainda que não seja a única opção nessa faixa de preço.

terça-feira, 28 de outubro de 2008

Vinho nacional comemora a desvalorização do real


28/10/2008 - 11h10
Vinho nacional comemora a desvalorização do real

MAURO ZAFALON
da Folha de S.Paulo

Crise é sempre ruim, mas esta pode proporcionar alívio a um setor que vem sendo sufocado nos últimos anos pelo bom desempenho da economia brasileira: o da vitivinicultura. A boa evolução da economia nos últimos anos trouxe um grande volume de dólares para dentro do país, provocando a valorização do real e permitindo a elevação das importações.

Em 2002, quando a moeda norte-americana atingiu R$ 3,80, o vinho importado representava 48,8% do mercado brasileiro. Neste ano, a média de janeiro a agosto indica que os importados representam 76,8% do mercado. No início de agosto, o dólar estava a R$ 1,56.

No ano passado, quando o dólar terminou o ano a R$ 1,77, entraram 57,6 milhões de litros de vinho no país. Mantido o ritmo de importações de 2007, o volume deste ano poderia atingir 70 milhões de litros.

A concorrência ficou mortal para o produto brasileiro. Há registros de importações de vinho a US$ 4,35 por caixa de 12 garrafas, ou seja, US$ 0,36 por unidade (R$ 0,57). Esse valor não paga o custo da garrafa vazia, dizem produtores nacionais. Além disso, outros 15 milhões de garrafas entram no país via contrabando, segundo informações do setor.

Embora o retorno do dólar a patamares superiores a R$ 2 traga alívio e iniba as importações, a viticultura não deixa de ficar apreensiva com a crise, que pode afetar a renda dos consumidores. Afinal, o vinho seria um dos produtos a sair da lista de consumo com a queda da renda familiar.

Preço maior

Se a crise se aprofundar será ruim para o produto nacional, mas pior ainda para o importado. A concorrência do vinho importado ficará comprometida com esse novo patamar do dólar. E perderá exatamente o produto de menor qualidade, já que os vinhos caros sempre terão consumo garantido.

"Quem importa e quiser repassar [a alta do dólar] não vai conseguir vender. Hoje é difícil repassar até a inflação, imagine os 30% a 40% de alta que terão os produtos importados", diz Danilo Cavagni, diretor de relação corporativa da Chandon. Angelo Salton, da Vinícola Salton, diz que essas elevações deverão ficar "próximas de 30% e darão uma ajuda para o setor".

Na avaliação de Salton, mesmo os estoques atuais, comprados com o dólar mais barato, deverão sofrer reajustes até o final do ano. Caso contrário, o importador verá seu capital dilapidado e perderá o poder de novas compras em janeiro.
O comprador do varejo é "frio" e, como trocou o vinho nacional pelos preços mais baratos dos importados, voltará aos produtos brasileiros que, em janeiro, não terão problemas de repor estoques, diz ele.

Ajuda ao exportador

Além de ajudar as vendas nacionais, a elevação do dólar deve facilitar as exportações brasileiras, tornando o produto mais competitivo. Grande parte das empresas brasileiras já faz exportações rotineiras.

"É uma questão cambial e conjuntural", diz Márcio Bonilha, diretor nacional de vendas da Miolo Wine Group. Assim como os importadores foram beneficiados com a queda do dólar, agora é a vez de os nacionais se beneficiarem, acrescenta Bonilha.

Mas essa questão cambial vivida pela indústria do vinho é apenas uma parte do problema. Estudos do setor mostram que o vinho nacional chega à gôndola dos supermercados com carga tributária elevada.

Para Hermes Zanetti, presidente da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva de Viticultura, Vinhos e Derivados, "seguramente a alta do dólar vai ajudar a frear a inundação do mercado brasileiro por vinhos importados, principalmente os mais baratos".
Atualmente, de cada quatro garrafas de vinho fino vendidas, três vêm de fora. Já o consumo de espumantes mostra exatamente o contrário, com apenas uma importada em cada quatro consumidas.

O excesso de importações de vinho nos últimos anos elevou os estoques nacionais e já complica a recepção de uvas pelas indústrias na próxima safra, diz Zanetti. Se acentuada, essa crise vai ser repassada para 20 mil famílias que cultivam uma média de 2,5 hectares.

O setor certamente terá um alívio com a desvalorização do real, "mas a gangorra do dólar não explica tudo", diz Alem Guerra, diretor comercial da Vinícola Aurora. Além da concorrência do dólar barato, o setor teve um constante aumento de custos, vindo de energia elétrica, encargos sociais e insumos específicos.

Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/folha/comida/ult10005u461246.shtml

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Como enganar os esnobes



Matéria da revista Época de 6/out/2008

A publicação mais influente do mundo do vinho comete uma gafe ao premiar a carta de um restaurante inexistente – e azeda a credibilidade dos especialistas

O restaurante italiano Osteria L’Intrepido poderia pendurar numa parede o prêmio que ganhou da prestigiosa revista de enologia The Wine Spectator, a mais influente do mundo quando o assunto é vinho. Só que o restaurante não tem parede. Ele nunca existiu. Isso não impediu que a revista o premiasse com o Award of Excellence, reconhecendo as qualidades de sua carta de vinhos – um diferencial que eleva o prestígio e pode incentivar a clientela a provar rótulos mais caros, ainda que pouco conhecidos. A adega fictícia saiu da imaginação do enólogo americano Robin Goldstein. Ele queria pôr à prova os critérios de seleção dos concursos que determinam o sucesso ou o fracasso de vinhos e de restaurantes. “A idéia era desmistificar especialistas e concursos enológicos que ditam o que é melhor para o consumidor”, disse Goldstein em entrevista a ÉPOCA.

Ter conquistado o prêmio já seria motivo suficiente para expor ao ridículo os critérios da Wine Spectator. Mas Goldstein fez mais. Entre os 256 rótulos da premiada carta de vinhos do Osteria L’Intrepido, supostamente situado em Milão, no norte da Itália, havia uma seleção estrategicamente desastrosa. Goldstein escolheu apenas vinhos caros – e condenados pela própria Wine Spectator nos últimos 20 anos. Um Amarone Classico “Gioé”, safra 1993, com preço equivalente a R$ 305, havia sido criticado pela revista por ter “caráter de solvente de tinta e esmalte de unha”. O Cabernet Sauvignon “I Fossaretti”, safra 1995, fora descrito como tendo “gosto metálico e estranho”.

Como a revista caiu na armadilha? O truque de Goldstein foi providenciar um número telefônico em Milão com uma gravação em que o restaurante avisava estar fechado para obras. O enólogo ainda criou um blog para o restaurante e postou comentários falsos em fóruns de enologia. Assim, o L’Intrepido aparecia no buscador Google, mesmo sem existir. Isso bastou para que os críticos da Wine Spectator acreditassem que o restaurante era real. “Não visitamos cada um dos restaurantes que participam de nossa premiação”, afirmou Thomas Matthews, editor-executivo da revista. “Prometemos avaliar a carta de vinhos e, quando recebemos a inscrição, assumimos que o restaurante existe”. Isso não justifica premiar uma carta de vinhos que oferece rótulos com gosto de esmalte de unha e inseticida. Entende-se a gafe ao conhecer a natureza dos prêmios criados pela publicação. Eles surgiram em 1981, quando concursos do tipo eram raridade nos Estados Unidos. De lá para cá, se transformaram num negócio que rende milhões de dólares para a revista.

Cerca de 4.500 restaurantes de todo o mundo se inscreveram no concurso deste ano – e apenas 319 não foram premiados. Cada inscrição custa US$ 250. Só com as candidaturas, a receita ultrapassou US$ 1 milhão. “E, quando você vence, eles ligam oferecendo espaço para anúncio”, diz Goldstein. A polêmica ganhou réplica e tréplica no site da revista e no blog do falso restaurante. “Sim, fomos enganados. Mas esperamos que os amantes de vinhos continuem usando nosso guia para encontrar restaurantes e compartilhar sua paixão pelo vinho”, disse Matthews, em defesa da Wine Spectator. “É contraditório a revista premiar uma carta de baixa qualidade, com vinhos mal avaliados pela própria publicação”, diz Manoel Beato, sommelier do restaurante Fasano e autor do Guia de Vinhos Larousse.

terça-feira, 30 de setembro de 2008

Intis Malbec/Merlot 2007 (Argentina)


Continuando nossa série vinhos baratos e fáceis de achar, vamos viajar para San Juan na Argentina onde podemos encontra o deus do sol, Intis. O vinho é um tributo ao deus que durante séculos foi cultuado na américa do sul, segundo a vinícola. Posso estar errado, mas acho que esse vinho é produzido pela bodega Trapiche. No rótulo não vem a informação, somente o endereço e ao "googlar", me veio o mesmo endereço dessa bodega que acabo de vos falar.

Enfim, deixemos de enrolação e vamos ao vinho.
Gratíssima surpresa, comprada na rede Hortifrutti por R$13,90. Acabo de comprar mais dois e soube que esses são os últimos exemplares da safra por lá. A procura foi muito grande e esgotou.

Esperava algo no padrão Santa Helena, no máximo um Farmus, qualificado há pouco como muito bom. Mas o Intis está pra lá disso.
Se por um lado não sou conhecedor dos melhores vinhos, por outro direi que este é sem dúvida um dos melhores que já tomei.
Coloração grená brilhante escura com lágrimas constantes e longas. Vinho pra tirar foto na taça!
No nariz mostra-se bem frutado, algumas notas adocicadas muito diferentes desse Marcus James que acabamos de postar. Nada enjoativas, pelo contrário. Em nada remetem à baunilha. Eu não sei exatamente como descrever isso, mas se eu pudesse falar em tutti-fruti falaria sem problemas. Ih, já falei. Mas não me achem louco, provem!

Na boca ele confirma os odores. A nota adocicada do Malbec logo na entrada, frutas, acidez equilibradíssima, taninos absolutamente macios. Persistência excelente.
O álcool, apesar dos 13° só se mostra presente após o primeiro sorriso empolgado, sendo assim, tá ótimo!!

Pode ser que daqui há alguns anos tomando e tentando avaliar vinhos eu o ache mediano, mas hoje ele é excelente.

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Marcus James Reserva Especial pinotage 2007 (Brasil)


A série de vinhos fáceis e baratos continua e dessa vez é um brazuca quem dá o ar da graça.

O Marcus James é uma linha da vinícola Aurora situada na Serra Gaúcha. Figurinha muito fácil em mercados de todo país, você provavelmente já se acostumou a ver aquele rótulo que é um losango. Mas há algum tempinho a linha está frequentando os supermercados com um rótulo mais bonito de designação "reserva especial". Desde que vi pela primeira vez já desconfiei ao mesmo tempo que tive curiosidade. Por quê?
Por causa das safras. Reserva especial me remete a uma guarda maior do vinho, mas os vinhos que estão aparecendo com esse título são da safra de 2007!!!
Acho que é só uma questão comercial mesmo, até porque seu preço é via de regra o mesmo da garrafa do losango.

Eu resolvi experimentar o pinotage, uva que já foi provada aqui no vinho Two Oceans sul-africano, país símbolo e originário da uva.

Esse Marcus James é na coloração um vinho nem tão brilhoso e meio violeta. Nem tanto quanto um carménère, mas diria que quase lá. Suas lágrimas são constantes e rápidas. Seu teor alcoólico é de modestos 11,5°.
Consequentemente você já deve imaginar que cheiro de álcool ele não tem. E não tem mesmo. Seus odores estão entre o defumado da uva e o tabaco. Mas nem um nem outro foram absolutamente claros para mim. Preciso treinar melhor as narinas! rsrs

Na boca sente-se logo no início o adocicado. O vinho é demi-sec como diz o rótulo e portanto, sabe-se que há alguma adição de açúcar.
Ele não confirma o defumado na boca e nem deixa a persistência que o Two Oceans deixa. Está longe deste último. Praticamente sem a presença dos taninos. É bem leve, mas me enjoou tomar mais de uma taça, talvez por causa desse "adocicado" que apresentou.
Eu não exitaria em usá-lo com uma pessoa que está saindo dos vinhos suaves para os secos. É para o dia-a-dia mesmo. Comprei minha garrafa por R$ 10,90, mas não é difícil vê-lo por R$9 ou R$8 por aí.

Para quem espera um vinho pro cotidiano, ele pode ser classificado com três taças. Mas para quem queria sentir algo de pinotage nele, leva duas taças. Esse é meu caso.

Santa Helena reservado carménère 2006 (Chile)


Continuando a série de vinhos baratos e fáceis de se encontrar em mercado pelo Brasil, resolvi postar esse carménère da conhecida vinícola Santa Helena porque ao comentar o CS/Merlot da mesma alguns comentários à favor desse vinho surgiram até me surpreendendo.

Essa safra 2006 é pior que a de 2005.
Coloração brilhante e violácia como são costume em carménères chilenos, seu cheiro é alcoólico e me incomodou. Sua graduação é de 13°. Mas reconhece-se pouca coisa quando o inalamos. O "quase-fruta" está lá. Bem fraco...

Na boca um vinho "quente" pelo álcool, sem muito gosto e que não inspira nem a terminar a garrafa.

Quero dizer que há vinhos que se sabe não serem fenômenos e que são de dia-a-dia meeeesmo, mas que não são chatos. Esse estava chatíssimo. Como sou entusiasta da uva, seu excesso de defeitos me irritou. A safra 2005 de fato era melhor, mas foi um ano em que a carménère no Chile se deu muito bem.

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Santa Carolina Cabernet Sauvignon reservado 2006 (Chile)


Continuando nossa série de vinhos baratos e que se vê em qualquer mercado, vamos hoje degustar um Santa Carolina reservado Cabernet Sauvignon 2006. Pra falar a verdade eu já estou degustando e vou colocar aqui minhas impressões.

Esse vinho só não deve ser mais fácil de achar do que Almadén e Chateau Duvalier.

No copo se mostra um vinho novo, cheio de brilho, quase violeta e tal. Lágrimas grossas e rápidas (13%) não tão constantes.

No nariz é um vinho que se mostra já fraco. Lembram do "quase-cheiro" que já falei uma vez? Pois aqui ele se aplica novamente. Quase-cheiro de frutas. Não dá nem para dizer que é um "fruit-bomb" como gostam de chamar os vinhos do novo mundo. Depois de uns 20 minutos oxigenando começará a sobressair a baunilha e esta predominará. Mas nem essa é forte.

Na boca se mostrou aguado e decepcionou. Taninos modestos, baunilha na língua por uns 30 segundos e só.

É definitivamente um vinho "quase" ou, quase um vinho! rsrsr

Mas gostaria de fazer uma ressalva. A safra 2006 está sofrível. Já tomei outras safras desse mesmo reservado do vale central e apesar de não podermos falar muito dele, estavam bem melhores que esta.

Vai levar duas taças porque tinha como ficar pior, se o álcool estivesse aparente.

sábado, 6 de setembro de 2008

Farmus Carménère 2007 (Chile)


A partir de hoje, durante algum tempo, iremos postar aqui alguns vinhos fáceis de achar e vistos em supermercados Brasil a fora. São vinhos baratos e que estão com alguma frequência no carrinho do vizinho. Muitas vezes são alvos de preconceito sem razão, outras vezes são de baixa qualidade mesmo. O fato é que basta de ir ao supermercado e não saber muita coisa sobre os vinhos que sempre estão lá dando as caras.

As razões dessa idéia são duas, a saber:

- as intermináveis discussões nas comunidades de vinho do Orkut que questionam a qualidade dos mesmos;
- a falta de grana que assola o blogueiro que vos escreve (rsrs)

Começaremos com um vinho que quem mora no Rio já está se acostumando a ver nas prateleiras do supermercado Mundial, o Farmus. Chegaram lá a linha básica que comentaremos hoje, a reserva e a gran reserva sendo esta última a mais cara pela bagatela de R$29,90. Antes de qualquer julgamento vamos ao vinho.

Eu mesmo o julguei até o momento da retirada da rolha. Achei que havia feito mal negócio e tal. A rolha, não tinha nada escrito, cortiça pura.
Mas se vou me decepcionar nessa "série" de vinhos fáceis, não começará agora.

O Farmus vem do vale central, da vinícola Urmeneta e custa aqui pra gente R$ 11,90.
No copo é um vinho com a tipicidade da casta. Tons violáceos, brilhante e escuro. Suas lágrimas são constantes (13%).

No olfato o vinho começa a se revelar. Seu cheiro é ótimo. Álcool não aparente, chocolate amargo, frutas escuras, algo lá no fundo de tostado. Fiquei bastante impressionado porque me lembrava carménères mais caros e de mais nome. Vamos combinar que achar vinho dessa uva barato e bom não é coisa fácil.

Na boca um vinho delicioso de acidez equilibrada e assim que entra na boca já ativa suas papilas centrais. Taninos equilibrados amarrando um pouquinho mas que não incomodará em nada, pelo contrário, vai dar uma ondinha. Persistência muito boa com a confirmação do olfato. Um típico carménère sem maquiagem.

Não vai levar cinco taças porque ainda tem o reserva e o gran reserva e quero acreditar que são melhores ainda. Porém não posso dar três taças como os famosos Santa Helena porque estaria sendo injusto com o Farmus. Ele dá banho no carménère da Santa Helena da mesma faixa de preço (que inclusive são mais caros).

Quatro taças com menção honrosa. Pessoal do Rio, corre pra experimentar!!!!!!
Pra quem quer saber quem está importando ele na sua cidade, ele é trazido pela Artvinho (artvinho.com.br).

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Viña Vermeta - Monastrell 2000 (Espanha)


Este vinho eu ganhei de aniversário de um amigo. Já estava há alguns meses aqui em casa guardado e resolvi abrí-lo. Já havia experimentado, mas numa "degustação" cheia de outros vinhos e que não lhe dava uma atenção completa. Ainda assim, apareceu como um dos vinhos mais fortes da noite.

A uva monastrell é a segunda tinta mais importante da Espanha, segundo a Wikipédia. Mas por aqui não nos é muito popular. A safra do vinho também chamava a atenção por já ter 8 anos. Sei lá que efeito tem um vinho de 8 anos, não sou enólogo nem sommelier, mas de uma coisa eu sabia, não seria qualquer uva que aguentaria.

Vamos aos trabalhos:

No copo um vinho que começa a mostrar sua idade pela coloração que não seria difícil perceber o tom já começando a "alaranjar". Mas brilhoso e com lágrimas abundantes (13,5%).

No nariz, bálsamo. Eu particularmente gosto deste cheiro. Encontra-se caracteristicamente o mesmo no carménère do Casillero del Diablo, mas aqui ele está mais equilibrado e dá só um toque. Diferentemente dos chilenos e novo mundo em geral, não se encontra neste vinho aquele cheiro de frutas acentuado (que particularmente até gosto). O que se encontra é madeira (na medida exata), pimenta, um pouco (lembra só) terra. É um vinho complexo com certeza e eu, de fato, sabia que não possuia experiência suficiente para descrevê-lo.

Na boca um vinho muito forte. Do gabarito de um cabernet sauvignon. Mas seu gosto é totalmente diferente deste. Seu paladar confirma o cheiro e encontra-se a pimenta, a madeira (na medida certa como já disse), a terra, alguma erva, taninos de medianos para fortes, porém aveludados e sedosos.
Tem-se uma impressão de que o vinho é ainda jovem apesar de não o ser e pensa-se que poderia ser guardado por mais algum tempo sem problema algum.
Persistência excelente fazendo-o poder ser descrito mesmo depois de algum tempo do gole.

É um vinho excepcional. Muito interessante e que deveria ser tomado com comida. Carnes, guisados, talvez até um churrasco em um dia ameno, claro.

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Santa Helena Cabernet Merlot 2007 (Chile)


Voltando depois de um período de abstinência e recuperação de uma cirurgia de apendicite, está tudo bem e o DegustEno volta à ativa!

Pra essa volta, vim devagar e vamos aos poucos. Vinho de dia-a-dia e marca fácil.

Os Santa Helena se notabiliziam pelos blogs de vinhos da internet por ganhar avaliação "três" e ser dito como vinho corriqueiro. Se por um lado não são nada de fenomenais, por outro são boas opções para o bolso e descontração.

Esse bivarietal de cabernet sauvignon e merlot da vinícola foi aberto mais de uma hora antes de ser tomado e decantado. No copo as lágrimas são muitas e constantes (13,5°), cor grená brilhante. Seu aroma diz o que será o vinho. Alcoólico. Incomoda o álcool que mesmo depois de uma hora decantando, mesmo depois de meia garrafa tomada ainda está ali nos acompanhando. O cheiro de madeira não incomoda, frutas ao longe (como é típico da linha). Fica a impressão da "quase-fruta". Há um odor terroso que a mim não era desagradável, mas também não me animava muito.
Na boca taninos jovens ainda amarrando a boca, pouca persistência e a terra novamente aparecendo.

Não chega a ser ruim. Esse rótulo ainda pode ser guardados para vinhos que sabidamente e sensivelmente são piores, mas tampouco é "três taças" como o resto da linha reservado. Na hora de comprar, prefira um cabernet sauvignon da mesma marca.

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Probleminhas

Eno amigos,

o DegustEno anda meio paradão por motivos de força maior. Tive um pequeno probleminha de saúde, mas já estou me recuperando. Em breve os vinhos voltam!!

Eno abraços...

Imfernandes

sexta-feira, 25 de julho de 2008

Saint Paulin 2006 (França)


Esse vinho não estava no queijos e vinhos, mas vou postá-lo agora.

É um vinho de mesa que custa cerca de R$14,00 no Wal Mart (importação exclusiva dessa vinícola - SICHEL).
Você já deve ter aprendido em algum lugar que os vinhos de mesa são os mais básicos da frança, muitas vezes tidos como sem qualidade, seguidos dos "vin de pays" e depois os AOC.

Mas aviso-os enoamigos, esse, podem comprar. Simples e fácil.
Feito de syrah (shiraz), grenache e cisnault, apresenta-se com aquela coloração um pouco mais pálida que vejo muito em vinhos do velho mundo, lágrimas um pouco mais tímidas, porém constantes. Seus aromas são ótimos! Frutado, baunilha (sem incomodar), algo como doce caramelizado. Na boca um vinho sedoso, taninos macios, equilibrado. O retro-olfato é do doce. As frutas são sentidas de início e há um persistência interessante.

É um vinho para o dia-a-dia. Não espere dele algo fenomenal. Mas é bastante justo e seu preço compensa.

Ah, esqueci de falar do álcool em 12%. Esqueci de falar pq ele nem aparece!!

quarta-feira, 23 de julho de 2008

Herdade do Pinheiro 2004 (Portugal)


Outro vinho que apareceu naquela noite foi esse conhecido portuga.

Vinho constituído das uvas Cabernet Sauvignon (curiosidade p/ vinhos portugueses), trincadeira (esta é conhecida na Austrália como "Portugal Malbec"!) e aragonês (mais conhecida como tempranillo).

Vinho de coloração densa, escura, brilhante. Álcool a 13% bastante aparente, o que incomodou um pouco aos convidados. O deixamos oxigenar bastante enquanto bebíamos outros. Ficou mais de uma hora sem ser tocado, mas seu álcool continuava muito presente.

Possui aroma frutado, intenso. Algo de pimentão talvez. Pouca madeira.
Na boca, a pimenta da CS aparecia, frutas e alguma queimação do álcool. Sinceramente não esperava tanta até mesmo por já ter sido vinho premiado em outras safras. Tem boa acidez e ótima persistência. Taninos moderados.

Seu preço está entre R$25 - R$30 aqui no Rio.

Algo esteve errado com esse vinho nessa noite. Ainda acho que esse vinho não deve ser tão alcoolico assim.
Enfim, por essa amostragem não me agradou muito e nem aos demais confrades da noite.

segunda-feira, 21 de julho de 2008

Panilonco Cabernet Sauvignon 2005 (Chile)


Um dos melhores CS chilenos que provei. Potente, frutadíssimo e complexo.
Da viña Errazuris, produzido no prestigiado vale Colchagua confesso que nunca vi esse vinho vendendo e quem o trouxe ainda não me respondeu onde achou a pérola.

No copo sua coloração é de um grená intenso, escuro e brilhante. Chega a ter alguns tons violáceos. Formação constante de lágrimas. Seu álcool não aparece em momento algum (só quando sobe!!rs).

Seus aromas são deliciosos. Frutas vermelhas, cerejas, pimenta, ameixas, café ao longe.

Na boca a confirmação do cheiro. A pimenta do cabernet é bastante presente. Taninos que deixam a impressão de que pode ser guardados por mais algum tempo para amaciar apesar de não estarem em desacordo com o resto do vinho que se mostra com uma força impressionante. Um vinho que diz, "cheguei"! Faria excelente acompanhamento com carnes.
Possui persistência deixando o gostinho de "quero outro gole".

Se seu preço estiver até R$ 20,00 (esse era mais ou menos o padrão naquela ocasião) é uma excelente compra. Se estiver até R$30,00 também ainda valerá à pena, porém já disputando com alguns outros rótulos.
Muito bom.

terça-feira, 15 de julho de 2008

Valpolicella Cantine di Ora 2003 (Itália)


Esse vinho é a prova de que vinho barato pode ser muito bom. Dias antes eu havia o mostrado a um amigo através de um encarte de mercado e quando este olhou o preço (R$ 10,90) indagou, "Por esse preço?? Deve ser horrível". Eu não havia experimentado, mas por esse preço valia à pena. Comprei e deixei para a hora do queijos e vinhos. Agradou e muito. Meu primo cervejeiro (aquele mesmo), aliás, já está ficando enófilo, bebeu, gostou e soltou, "deixa um gosto de toucinho, né?". Rimos. Bebi mais e notei que sim, deixava um certo gosto de defumado na língua. Menor que o pinotage, mas deixava. Sem falar na sua leveza. No copo um vinho claro, um pouco pálido já pelo tempo e poucas lágrimas devido ao álcool baixo (12%). Seus aromas lembravam frutas vermelhas (amora), baunilha, madeira. Tudo equilibrado. Na boca taninos quase ausentes, frutas, "toucinho" (rs) uma ervinha lá no fundo, sei lá, algo verde.

Ah sim, o final da história. Aquele amigo lá de cima chegou. Sem que soubesse de que garrafa era ofereci uma taça a ele. "Muito bom!" Questionei, "sabe que vinho é?".
"Não", respondeu. Mostrei a garrafa. Ele se rendeu. De fato, era possível comprar bons vinhos a preços baixos.

segunda-feira, 14 de julho de 2008

Escanção 2005 (Portugal)


O fim de semana foi de queijos e vinhos e sete garrafas entrarão para a galeria do DegustEno.

Portugueses, italianos, franceses, espanhóis e chilenos. Curiosamente a mesa era mais do velho mundo que do novo, mas não foi intencional.

Apesar de não ser teste cego, as opiniões foram quase unânimes acercas dos vinhos e a longo dessa semana colocarei uma por uma aqui.

Começaremos com uma grata surpresa da noite, um português do Dão chamado Escanção. Da vinícola De Nelas S.A. Não consegui saber de que uvas era feito, mas seu ano é 2005 (o site deles está em manutenção).

Vinho fácil de tomar, frutado e com aromas herbáceos. Cheguei a achar algum cheiro de manjericão verdinho na bebida. Não encomodava, pelo contrário, era até agradável. Lembra muito o Beiras Altas que aqui já postei. Vinho para o dia-a-dia que se o preço for abaixo dos R$15,00 vale muito à pena. Bem à frente de muitos chilenos e argentinos. Aliás, não coloquemos os vinhos para uma disputa pessoal, digamos que ele é diferente dos sabores do novo mundo, nem melhor, nem pior. Interessante.

Coloração intensa, vermelho fechado, 12% de álcool.

Na boca taninos de leves a moderado, nada alcoolico, equilibrado, um pouco de carvalho no fim do paladar (uma pitada na medida) e ervas. Acho que podemos também tê-lo como "vinho didático" para iniciantes. Anotem a dica.

Na boa, provem esse vinho descompromissadamente e farão dele uma ótima opção.

segunda-feira, 7 de julho de 2008

Casillero del Diablo Malbec 2005 (Chile)


Malbec chileno é uma curiosidade por si só por não ser muito comum. Tão curioso quanto seria um carménère argentino. E sendo da linha Casillero da Concha y Toro, também é novidade por estas terras.

De coloração escura como todo malbec, esse não foge à regra e mostra-se intensamente vivo pelo brilho. O vinho tem aroma amadeirado e balsâmico, fato que me lembrou o carménère da mesma linha.
Na boca um vinho equilibrado, de bom corpo. A persistência é ótima e a sensação de ter feito boa compra se concretiza aqui.
Nessa degustação havia um iniciante, cervejeiro, que queria passar a beber mais vinhos. Havia recentemente provado um Naturelle da Casa Valduga e gostado. Frente às resistências normais diante do vinho seco nos iniciantes (que o acham "rascante"; palavra típica do neófito), esse Casillero, segundo o convidado, desceu muito bem "sem amargar no final como o Naturelle.

É interessante esse malbec chileno apesar de ser um pouco maqueado. Me deu essa impressão ao remeter-me diretamente ao Casillero carménère. As uvas acabaram ficando parecidas.
Não se compara a um Terrazas de los Andes e pelo mesmo preço eu não exitaria em levar o argentino.

sexta-feira, 4 de julho de 2008

Santa Carolina carménère 2004 vale do Rapel (Chile)


Estou postando sobre esse vinho que muitos amigos enobloguistas já postaram para tirar uma dúvida que era minha e pode, por ventura, ainda ser a de alguém.

"Qual a diferença desse vinho para o reservado da mesma marca?"

O local do cultivo das uvas. Só! Se alguém souber mais alguma peculiaridade, por favor, coloque aqui.

Comprei o 2004 pois, como já disse, diziam ser a melhor safra da uva. Mas hoje, já não sei se esse vinho já não passou do ápice de sua forma.

Enquanto o reservado contenta-se em dizer ao consumidor que é do vale central, algo bastante generalizado tendo em vista que este é sub-dividido em alguns outros, este vem com essa denominação. Aliás, todos que têm esse rótulo, sejam da uva que for, são do Rapel.

No copo, cor já empalidecendo, aromas enfraquecidos, madeira. Um vinho que não se "lança" muito até você. Se deixar ele muito tempo aberto, perde fácilmente suas já poucas propriedades.

Na boca, não é diferente. Sabores tímidos daquilo que foi sentido antes pelo olfato.

"Qual é melhor, o reservado ou esse?"
Na boa, são exatamente iguais pelo menos pelas amostras que já passaram pelas minhas mãos. O preço deste costuma ser uma pouco mais caro que o outro (R$ 15,00 contra R$13,00). Mas gaste seus caraminguás para outra coisa na mesma faixa.

quarta-feira, 2 de julho de 2008

Queijos & vinhos


Inverno chegou, temperaturas mais baixas, excelente desculpa para abrir mais garrafas de vinho como se não o fizéssemos o resto do ano. Tomamos cabernet sauvignon em pelo verão!!! Isso é que é paixão por vinho.

Mas enfim... época de fazer ou visitar queijos e vinhos.
Então vamos a uma rápida e sem frescura tabelinha de combinação que peguei da revista de domingo do JB aqui no Rio.

Queijos & Vinhos

De cabra: Sauvignon blanc

Camembert, brie e outros com crosta: Chardonnay, pinot noir ou bardolino


De massa azul: gorgonzola, bleu d'auvergne,
bleu de bresse,
roquefort ou pecorino
: Cabernet sauvignon, merlot, sangiovese (encorpados)

Minas frescal: Trebbiano, chenin blanc (levíssimos brancos)


Contal, gouda,
saint-nectarine,
mimolet
: Merlot, cabernet franc, valpolicella (médio corpo)

Emmenthal, gruyère,
beaufort, parmigiano
: Viognier ou riesling (brancos encorpados) ou tintos de médio corpo.

terça-feira, 1 de julho de 2008

Two Oceans Pinotage 2006 (África do Sul)


Estava curiosíssimo para provar o meu primeiro pinotage. Havia comprado há mais ou menos um mês essa garrafa (R$16,90) e esperava uma boa oportunidade para a estréia. Não me decepcionei. A uva que é um cruzamento da pinot noir com a cisnault (que na África do Sul foi chamada de hermitage) é interessantíssima e peculiar. Havia até lido que essa cepa era "ame ou odeie", mas logo discordei dessa bipolaridade. Talvez nesse primeiro momento não tenha se tornado a minha uva favorita, mas confesso que ela ganha um destaque especial para mim. Seus aromas apareceram melhor após o decante (impressionante como essa coisa de decantar o vinho o transforma - postarei sobre decanteres ainda). Surgiram então as costumeiras e deliciosas frutas escuras acompanhando a cor fechada e brilhante do vinho. Lacrimoso. Devido aos seus 13,5% de álcool, o "choro" é constante. Na boca o mais interessante, traz algo de novo (para quem nunca experimentou a uva), a tal "fumacinha". A sua persistência é ótima e o gosto que você identificará como defumado fica presente na parte final da língua.
Certamente devem haver pinotages mais exuberantes, mais elaborados do que o Two Oceans, mas se a primeira impressão é a que fica, essa de fato marcou.
Só não darei as 5 taças porque estas ficarão guardadas para o que pode vir a ser O Pinotage. Caso Este não apareça, confiem, remarco este vinho sem problema algum.

segunda-feira, 30 de junho de 2008

Vinho Regional Beiras 2006 (Portugal)


Esse vinho da Adega Cooperativa Silgueiros é um corte de 30% touriga nacional, 30% aragonês, 30% jaen e 10% afrocheiro. Um vinho curioso. Cada vez que o compro ele tem um sabor diferente, mas devo dizer: NUNCA É RUIM. Um vinho barato (R$10,90 no Ultra - RJ) que surpreende. Me foi recomendado certa vez lá em Petrópolis por um português e eu, achando que estava fazendo propaganda de seu país, não o levei em consideraçnao e passaria ainda mais algum tempo entre os vinhos chilenos (mais caros) antes de resolver prová-lo. Mas o portuga estava certo, o fruto da terrinha era bom mesmo. Dessa última vez, estava com um delicioso e nostálgico aroma de madeira que me lembrava a acolônia de férias que certa vez visitei em minha infância. Talvez desagradasse algumas pessoas, mas não era uma madeira comum, maquiagem de tantos vinhos que por aí provamos. Era algo mais fresco, como recém cortada; cheiro e sabor de marcenaria(!). Junto um aroma e gosto herbácio agradável. Seus 12% de álcool são, como esperado, imperceptíveis. De todas as vezes que o provei, essa foi a melhor. Vinho simples e fácil. Quatro taças com menção honrosa.

quinta-feira, 26 de junho de 2008

Dom Cândido Cabernet Sauvignon/Merlot 2005 (Brasil)


Vinho que me venderam dizendo que um cliente exigente, que não costuma comprar vinhos baratos se surpreendeu e agora sempre leva. Desconfiei, mas fim de mês, sabe como é. Eu precisava de vinho barato e, se possível, bom.
No Mundial (RJ) custa R$11,80. Resolvi provar.

Primeira e mais importante dica sobre este vinho: DECANTE por pelo menos 45 minutos.
Logo que saquei a rolha o vinho era alcoolico chegando a incomodar. A primeira provinha antes do decanter era decepcionante. Sem gosto, sem cheiro, sem graça.

Mas ele muda. Resolvi deixá-lo de lado e voltar depois.
Vamos à sua verdadeira face:
O vinho é pálido, poucas lágrimas (12,5%), não é bonito no copo (gosto das cores fortes no vinho).
Seus aromas lembram ao fundo frutas escuras e um pouco de madeira e baunilha, mas nada que incomode, pelo contrário, dá um "tchan" a mais.
Na boca, acidez baixa, taninos macios decorrente do corte e do tempo (quem sabe), quase sedoso (sabem como é?), persistência boa. Casou muito bem com um frango assado moderadamente temperado.

É um vinho que não me arrependi de comprar depois do susto. Vale à pena incluí-lo na lista de vinhos de fim de mês. Fica como mais uma opção.

quarta-feira, 25 de junho de 2008

Casillero del Diablo Shiraz 2006 (Chile)


Falar da linha Casillero vai ser chover no molhado. Existem só duas opiniões, os que acham uma linha bastante interessante e os que vão contra e o acham industrial demais. Eu a acho interessante.
Dito isto, vamos ao vinho:

Esse foi um vinho que achei precisar de decanter. Mas confesso que não senti diferença alguma no teste do antes e depois.

Na taça: Coloração escura, bonito, brilhoso, encorpado.

Aromas: Logo que abre-se a garrafa vão explodindo muitas frutas e parece se intensificar com o tempo. Frutas maduras escuras, pimenta, etc.

Na boca: Acidez equilibrada, todas as frutas sentidas no aroma, retro-olfato e persistência de sabor na língua muito bons.

É um vinho gostoso, fácil de beber. Já ouvi dizer que seria o melhor da linha del Diablo, mas confesso que não o vejo assim. Gosto mais do carménère, que depois comentarei, porém ainda não provei os demais.
Não sei se por não saber ainda identificar com clareza as peculiaridades de um shiraz, mas é um vinho que aconselho experimentar, mas eu dificilmente (pelo menos por agora) o comprarei por esse valor (R$25-30).

Repito: pode ser inexperiência minha ou questão de gosto mesmo. Prove você mesmo. No máximo chegará às mesmas conclusões que eu, mas não se arrependerá ou achará que foi dinheiro em vão.

terça-feira, 24 de junho de 2008

Ventus 2005 (Argentina)


Esse vinho é um mix de Cabernet Sauvignon, Malbec e Merlot.
Vinho básico da Bodega del fin del mundo (um dos melhores nomes de bodega que já vi), na Patagônia. É legal descobrir esses cantões do mundo que estão produzindo vinhos à despeito das condições climáticas que, antes da tecnologia, eram desfavoráveis assim como no nosso Vale do São Francisco ou Oklahoma, nos EUA.

O Ventus é um vinho que precisa de um decantação. Antes de decantar ele apresentará álcool forte no nariz e isso pode incomodar. No entanto,depois do decanter, é um vinho macio, razoavelmente equilibrado, com aromas de frutas escuras (assim como sua cor - bonita, encorpada) e persistência mediana. Nada de fenomenal, mas é mais um para a sua coleção de vinhos para o dia-a-dia que vale à pena ser provado alguma hora.

Custa cerca de R$14,00 e não é difícil de achar.
Para quem coleciona, sua rolha sintética porosa é preta e dará um toque charmoso naquele seu vidro cheio de rolhas!

Cosecha Tarapacá Cabernet Sauvignon 2005 (Chile)


Imagine: Você está com uma vontade imensa de tomar um CS no fim do mês. Já está duro e só tem R$10,00, mas não quer se decepcionar e levar água suja para casa. O que fazer?

Tomar o Cosecha Tarapacá CS. Linha básica da vinícola Tarapacá, esse vinho vai te surpreender pelo preço e pela qualidade. Talvez não dê nada à primeira vista olhando esta garrafa. Seu rótulo não é dos mais bonitos, não possui muito charme, não é uma garrafa pomposa, daquelas de "costas" largas. Mas tem conteúdo. Aqui as máximas "não leia o livro pela capa" ou "eu sou feio mas sou legal" são seguidas à risca.

Equilibrado, pouca baunilha e madeira, bem frutado, aveludado e sedoso. Coloração vermelha intensa, persistência mesmo depois de beber água. Muito agradável. Para o dia-a-dia de vacas magras, é a escolha certa.

Bem acima dos reservados disponíveis por aí. Seu preço fica em torno dos R$10,00 aqui no Rio.

Esse vinho é a prova de que com pouco dinheiro e alguma informação é possível beber coisa boa.

DegustEno sai na frente!!

Mal nasceu e o DegustEno já saiu na frente. Hoje foi publicado no caderno Ilustrada da Folha de SP uma página inteira sobre o "webenólogo" Gary Vaynerchuk. Mas aqui você leu antes!

Antes ainda, no meu outro blog, http://oletramiuda.blogspot.com, já havia escrito sobre o Thunder Show.

Os links para a WLTV estão disponíveis aqui no blog.

segunda-feira, 23 de junho de 2008

Miolo Terra Nova Reserve Cabernet Sauvignon/Shiraz 2006


Este vinho no copo tem aromas interessantíssimos. Frutas vermelhas escuras, geléia, um café bem ao fundo, sem presença do álcool. Seu visual é bonito de um vermelho grená. Boa formação de lágrimas.
Na boca ele me decepcionou por ser tânico demais. Me incomodou o excesso de taninos. O rótulo "reserve" dado pela Miolo, não condiz com isso. A impressão que dá é que nem passou pelo carvalho.
Algo não me soa bem, mas posso estar errado. Um vinho que se diz "reserva" estaria pronto para o consumo em 2 anos? Dois anos de amadurecimento para usar o "título" de reserva?

Me custou R$15,90 numa promoção nos supermercados Mundial-RJ.



Fiquei preferindo, por essa amostra, o Terra Nova Shiraz 2006 que outrora provei.

Thunder Show


Vocês conhecem o Gary Vaynerchuk?
Esse cara de fato arregaçou as mangas e partiu em busca da popularização do vinho. Desde cedo envolvido com vinhos (seu pai possuía uma loja), diz que desde os 17 pôde começar a construir sua "biblioteca" de aromas e sabores. Hoje é uma pessoa respeitada no mercado do vinho, empresário e de uma informalidade contagiante para com nossa bebida preferida.

Em uma comunicação pessoal que travei com ele, disse que ano que vem estará no Brasil. Gary não tem preconceitos com a geografia do vinho, mas é transparente na sua avaliação. Fica muito empolgado quando realmente gosta de um vinho produzido em um local improvável.

Seu videoblog, Wine Library TV (http://tv.winelibrary.com), é sucesso nos EUA e outras partes do mundo com episódios diários de degustação com direito a bonequinhos dos Thundercats na mesa.

O thunder show vai ao ar em inglês e desconheço versões legendadas, mas ainda que você não entenda bem o idioma do Tio Sam, vale à pena ver alguns programas e perceber como vinho e simplicidade realmente podem caminhar juntos.

Santa Carolina Reserva Carménère 2004 (Chile)


Amigos, abro esse blog que tem o intuito como muitos outros de avaliar vinhos acessíveis e fáceis de encontrar. Essa avaliação é pessoal e você deve provar o vinho e dar sua própria "nota". Sem muita frescura a gente vai seguindo e postando.

Começo com um vinho que muito me agradou. O Santa Carolina Reserva Carménère 2004. Do Vale do Rapel (onde dizem que a uva melhor se desenvolveu) e da safra 2004 que, ouvi dizer - confirmem, por favor - foi a melhor safra de carménère no Chile.

Valor: cerca de R$ 30,00
Onde: Wal Mart

Cor: O clássico violeta próprio da uva.
Vinho de aromas deliciosos. Nem decantei e logo ao sacar da rolha os perfumes de frutos vermelhos tomam conta do ambiente. Cassis é bem presente.
Na boca ele é sedoso, equilibrado, taninos suaves e final persistente.

Sem dúvida, um dos melhores, se não o melhor, carménère que tomei!
A safra 2005 que me aguarde!!